A
Semana da Leitura 2017, subordinada ao tema “O prazer de ler” decorreu nas
Escolas Básicas do 1ºciclo e Jardins de Infância e prolongou-se pela Semana do
Agrupamento, levando a todos a magia das palavras, envoltas em
imagens e música.
VÊ AQUI O FILME "Os Robertos da nossa infância" VÊ AQUI O FILME "Turma da Mónica"
LÊ AQUI O CONTO COMPLETO
VALTER HUGO MÃE
A aluna Mafalda Vieira, da turma 2401, da Escola Básica do Bonito, ilustrou assim este conto:
Ela desenhou um pássaro, tal como dizia o autor, no local mais decente para aprisionarmos um animal de estimação: o coração.
Também o aluno Guilherme Simões, da mesma turma, 2401, e da mesma escola, EB do Bonito, resumiu assim o conto que ouviu:
Um menino queria ter vários animais, mas a sua mãe não o deixava, pois dizia-lhe que eram todos perigosos.
Ele foi dormir e sonhou com um pássaro. Quando acordou continuou a ouvir o pássaro. A mãe explicou-lhe que o que ele ouvia era um modo de amar.
Modo
de amar
Eu queria ter um cão, mas a minha mãe diz
que os cães fazem muito barulho a ladrar e que, por vezes, mordem. Diz também
que se tivermos um cão durante muito tempo ficamos com a cara parecida com o
seu focinho. A mim custa-me acreditar, mas é isso que a minha mãe me responde.
Nem imagina o quanto fico infeliz, parecido a ter vazios por dentro.
Eu pedi:
- E se tivéssemos um gato? Um gato, nem
que seja pequeno, para eu brincar.
E a minha mãe respondeu;
- Um gato, nunca. Larga pêlo
e afia as unhas nos cortinados.
- Oh, mãe, um gato quase nem precisa de
gente, vive sozinho com o seu nariz. E se fosse um peixe? Um coelho? E se fosse
um crocodilo bebé? – insisti eu.
E ela explicou:
- Os peixes entristecem num aquário e os
coelhos trincam-te os dedos. Os crocodilos bebés crescem muito para serem
crocodilos adultos capazes de te comerem de uma só vez. Nem pensar. Os bichos
todos trincam, meu filho. São um perigo.
Durante uma noite, a sonhar muito com estas
coisas, comecei a ouvir piar. Parecia-me um pintainho, talvez um filhote das
galinhas da vizinha. Sempre a sonhar, fui à janela e pensei em acordar. Se
acordasse, pediria um pintainho à minha mãe, que não farão mal nenhum, não são
violentos, são só bonitos e divertidos, parecem algodões amarelos com olhos e
patas minúsculas. Ouvi mais de perto e era mesmo um canto delicado. Um
som elaborado que não faz um bicho qualquer. Percebi, tinha de ser um pássaro,
um canário que andava no meu sonho a voar.
Se pudesse acordar, pensei, pedia à minha
mãe um canário assim.
Julgava eu que aquilo era um bicho no sonho
quando, acordado já de manhã, o continuava a escutar. E para a escola o caminho
todo e durante as classes, e depois no caminho de volta, e durante o dia
inteiro, ininterruptamente o pássaro cantava.
Eu disse:
- Mãe, acho que fiquei despreocupado da
lucidez. Ouço sempre um pássaro cantar. Talvez só me cure se aprender a voar.
A minha mãe sorriu e eu repeti:
Quem se vê proibido de amar inventa outra
realidade, uma realidade melhor, ainda que seja por fantasia. Vivo na fantasia,
mãe.
Depois, calei-me. Sabia perfeitamente o
que acontecera. Tinha um pássaro no coração. Era, assim mesmo, o lugar mais
decente para aprisionar um animal de estimação.VALTER HUGO MÃE
A aluna Mafalda Vieira, da turma 2401, da Escola Básica do Bonito, ilustrou assim este conto:
Também o aluno Guilherme Simões, da mesma turma, 2401, e da mesma escola, EB do Bonito, resumiu assim o conto que ouviu:
Um menino queria ter vários animais, mas a sua mãe não o deixava, pois dizia-lhe que eram todos perigosos.
Ele foi dormir e sonhou com um pássaro. Quando acordou continuou a ouvir o pássaro. A mãe explicou-lhe que o que ele ouvia era um modo de amar.
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